segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Brasil: Um País de Dois Estados

Resumir um país enorme a duas cidades chega a ser quase um crime. Ainda mais quando o referido é o Brasil, um lugar com tantos problemas graves que para ficar ruim ainda precisa melhorar muito (como diz o meu querido pai).

Enquanto pessoas morrem de fome, sede, abandonadas nas portas dos hospitais, a notícia importante é: “Dono esquece gato em apartamento em SP”. Pasmem, eu li mesmo essa matéria! O pior é ler todos os dias: “carreta tomba e pára a marginal tal”. E esses dias: “menina é detida por chutar a porta da sala de aula”. Seria cômico, se não fosse trágico.

E o outro pólo então?! Parece até que os artistas nunca foram ao teatro nem ao cinema, ou muito menos à praia, só resolveram fazer isso a partir de 2007, pois, desde então, há notícias e mais notícias e insuportáveis notícias de que “fulaninha pega uma cor no Leblon”, “sicraninho passeia em Ipanema”, “fruta tal ofusca o sol em dia na praia”. E no resto do Brasil? Nada. Não é importante mesmo.

Lembrando também dos artistas reconhecidos em outras regiões do país que pagam fortunas para participar de programas “nacionais”, até que uma garotinha de SP grava quatro músicas e joga na internet. Resultado: sucesso “nacional”. Programas de televisão, matérias, reportagens e notícias nos fazem engoli-la sem alternativa, e ainda a chamam de fenômeno. Nem precisou se esforçar muito.

Pra ser bem claro e sair dessa área de informação, não resta dúvida que o Brasil é um país que se pode descrever facilmente. Me perdoem a ignorância, mas, todos sabem que o norte não existe para o governo, o nordeste é a parte usada para que os presidentes se elejam (também é a parte mais humilhada pelas políticas do Estado), o centro é só fazenda, o sul é a nossa Europa e está pouco se lixando pro “resto” de nós, coitado do Espírito Santo, Minas até que ainda tem uma força cultural (conseguida, acredito eu, com um esforço sobre-humano pelos artistas) e, enfim, as duas pérolas: O Rio e Sampa.

Ai ai (esse meu “suspiro” está sempre presente nos meus textos. Ele quer dizer que algo é “sem comentários”). O que me causa revolta é o simples fato de ainda haver criança no meu estado que não tem onde estudar ou tem de se arriscar em cima de paus-de-arara (do mesmo tipo que levou Lulinha pra São Paulo) para chegar numa escola a quilômetros de distância e não haver divulgação desse fato, mas estampar na primeira página do principal site de notícias que “o pagodeiro ‘feio que dói’ recebeu a reportagem em sua mansão vestido roupão e pantufas do frajola” vale a pena, e, em vez de estar lá a foto de 20, 30 jovens na carroceria de um caminhão velho tentando estudar, está a foto ridícula e patética do sujeito com o traje descrito acima.

Chega a ser engraçado, mas, é isso que acontece mesmo. Somos resumidos e ignorados. Nosso esforço é sempre dobrado. Nossas forças têm de ser infinitas. Eu, como nordestino e paraibano, sei do que estou falando.

Hoje não tem trocadilhos, vai tudo às claras mesmo (ao som de Norah Jones – Turn me on!).

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Inspira. Expira. Não Dá!

Verdade seja dita: escrever nunca foi o meu forte. Sempre quis colocar no papel tudo que eu pensava, mas, o tempo foi passando e eu acabei por nunca por em prática aquilo que eu queria. Um dia, porém, me veio a idéia do blog. E por que não fazer um blog só pra mim?

Não tenho obrigação de transmitir as pessoas os meus pensamentos nem de tentar convencê-las de qualquer coisa que penso. Fiquem à vontade para nomear essa atitude da forma que quiserem. Meus pensamentos, entendimentos e opinião não são verdades absolutas e incontestáveis, são apenas meus. Se realizando ou não, sendo verdade ou não, as conseqüências recaem sobre mim, e a responsabilidade por tê-los também me pertencem, e a mais ninguém.

Estive a ler alguns blogs e pasmo quando me deparo com alguém que está desesperado para divulgar o seu blog, diga-se de passagem, com conteúdo exclusivamente pessoal. Meu Deus! Não é proibida a visitação ao meu blog, sejam bem-vindos e fiquem mais uma vez à vontade (digo para aquelas pessoas que conseguirem me achar pelos sites de busca afora, pois não divulgo meu site nem para amigos).

Vejo o meu ato de escrever como mero desespero de colocar pra fora tudo o que me angustia. Numa comparação meio esdrúxula, sou aquela mulher que acabou de fazer um sexo sujo e está se desfazendo das roupas num claro sinal de repúdio. Assim sou eu: querendo gritar, mas gritando sempre pra dentro. Ele sempre ecoa.

Sento e observo. Nesse momento começa, ao mesmo tempo, trilhões de diálogos dentro de mim. Todos gritam, xingam, acalmam, cantam, oram, falam, se expõem, choram, machucam... me fazem quem sou. Tenho de lidar com o Hulk que tenho na alma: a calma em excesso.

Para a vida eu sempre sorriu, cabe a ela descobrir se é um sorriso de agradecimento ou de ameaça. A observação do mundo também é um presente. Pessoas indo e vindo. Pessoas dedicadas ao dinheiro, outras aos outros. Grandes pessoas e pessoas medíocres. Todos (nós) efêmeros, limitados, com capacidade intelectual tolhida.

Tento sinceramente fazer a minha parte. Não estou falando sobre escrever. Quando falo que somos capazes de mudar nossa realidade, acredito no meu ideal. Estudo pra isso, estou me preparando pra isso e, se Deus permitir, vou conseguir. Não pensem vocês que fico apenas aqui atrás do computador, tentando escrever coisas bonitinhas, juntar um punhado de pessoas que se identificam com o meu sentimentalismo mórbido e pronto, fiz a minha parte, pois, o que faço (ou tento fazer) vai além.

O que devemos fazer é sair do campo das palavras e agir. Devemos agir! Com isso, de brinde, podemos até ganhar um propósito na e para a vida.

O que eu sei é: sentando esperando a morte eu não fico.

Agir.

“Existem livros e histórias sobre vitórias e derrotas, mas nunca sobre o ócio”

Volta aqui, volta pro mundo, por que, dai, onde você está agora, nada se pode fazer.

E o texto vai com excesso de palavras iguais mesmo!

Relacionamento

“Eu cheguei a deixar vestígios pra você me achar. Foi assim que entreguei meu coração devagar”. Começa assim!

Sou contra atitudes extremas, principalmente quando envolve a vida de outra pessoa. Mas, tudo é fruto do descaso com o sentimento de pessoas alheias, sejam elas namoradas, noivas, cônjuge ou amigo.

Quando um laço se desfaz alguém sempre sofre pela falta de consideração do outro. Acabar um relacionamento e dar as costas é muito fácil, principalmente para quem acha que já refez a vida. O pecado aqui é ignorar que o outro talvez ainda sofra.

Sempre se pensa primeira e exclusivamente em si, depois, mas umas dez vezes depois, no outro. Ignorar é o verbo aqui. O que importa é estar bem e satisfeito (apesar de eu não entender como alguém possa ficar bem apenas ao imaginar que a outra não esteja).

Eu nem tenho muito o que escrever sobre isso. Falar sobre essas pessoas nem vale a pena, mas, ao longo da minha vida, conheci muita gente assim, e devo admitir, só de estar perto, perco as forças.

Eu prefiro pecar pelo excesso de consideração. Estou sempre aqui, e procuro sempre respeitar, acima de tudo. O título do meu blog fala sobre isso, e é assim que eu sou. Não adianta as pessoas me criticarem por isso, nasci assim, morrerei assim e viverei sempre, bem e melhor assim. Acho que é tudo também uma questão de caráter, sem dúvida. “Quem estar por cima está, quem está por baixo se deu mal”, esse é o lema... dos outros.

Prefiro continuar a fazer o que acho que é certo e poder, como sempre, dormir à noite, mas, como uma pessoa de caráter, e não como alguém que não se importa com o que fez de errado.

É uma pena, eu acho. Assim se perde grandes amizades, grandes amores e grandes histórias. Mas, a vida não é um filme. Só nas telas é que tudo termina bem, pois, aqui, a pessoa que você escolheu pode ser um monstro sem coração que vai passar quanto tempo for possível te fazendo sofrer, até o dia em que você cansa, pega uma arma, invade um apartamento e faz a maior besteira da sua vida. Crimes passionais!

Bem, caso aconteça isso algum dia, não faz besteira. Segue a vida, cabeça erguida, pois o mundo gira, e nesse giro tudo pode mudar pra melhor. Conjugue o verbo, ignore essas pessoas, elas não mereciam sequer essa postagem. Mas, o amor é fogo. Fraterno, carnal, não importa, ele sempre queima e deixa sua marca.

“eu te amei como jamais um outro alguém vai te amar”. E assim termina, por que, para um bom entendedor, duas frases ou um texto são suficientes.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Sufrágio

Depois de muito para organizar o blog (não é fácil entender códigos HTML e essas coisas), encontrei tempo para escrever novamente. Não que a vida aqui esteja ocupadíssima no sentido “coisas inadiáveis”, mas, sabe como é, o dia aqui não passa, ele de repente some. O blog está a ter o resultado que eu esperava. Escrever está realmente me fazendo bem.

Bem, pela falta de tempo explicada (ou não explicada) acima, vou escrever sobre o tema “velho” (pois, nos tempos de internet, tudo que tenha mais de 3 dias é assunto antigo): as nossas queridas e esperadas eleições.

O ato de votar é o único direito de cidadão que o brasileiro tem. Num estado democrático de direito, como há no Brasil, é de revoltar que o exercício de nossa cidadania seja exclusivamente o voto. Temos todos os outros direitos roubados (literalmente). Mas, vamos ao resultado dessa briga do mal contra o mal.

O destino às vezes faz diferente e prega peça nas pessoas que não merecem (mas, que sempre ganham tudo o que da vida). A essa hora, tem doce de criança que azedou, pois adoçou, digo, amargou uma votação digna para corruptos (e é o caso) com pouco mais de 1000 votos. Teve outro candidato que durante os últimos 4 anos fez nada, além de ferver, ferver, ferver, até que virou cuscuz, e graças a Deus que não me representa mais em nenhuma casa, pois nada acrescentou à minha cidade.

Tem gente também que, de tão dura que foi a resposta popular ao seu cinismo e inércia durante o seu primeiro, único e último mandato, deve estar escondida, com vergonha, em uma das matas que ela finge que protege. E o do bigode na testa, onde está, alguém sabe? Há também os que estão até massageando o ego do bispo ao implorar para ter de volta a batina. Ai ai, vida cruel, não é mesmo?

Achei que dessa vez foi “dos males o menor”, pois, em minha opinião, saíram os piores e, talvez, entraram alguns que podem fazer valer. Temos agora um novo poeta, que tem a chance de fazer totalmente diferente dos poetas do passado e reescrever a história da “categoria”.

Ironias de lado, é isso que acho, é isso que penso, e sinto por não poder ser mais claro. Vou voltar a escrever com freqüência. Isso é bom demais!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

As Estações do Ano para Além dos Desfiles de Moda

Estamos no outono aqui na Alemanha, e, pela primeira vez na vida, conheci as estações do ano. Tenho que confessar que é algo mágico de se ver, e perceber a cada dia a mudança da natureza.

Quando retornei pra cá em março estava no fim do inverno. As árvores não tinham folhas, pareciam mortas, os pássaros ainda não tinham voltado, qualquer 15 minutos fora de casa eram suficientes para deixar suas mãos dormentes por causa do frio, mas, se tinha a impressão de que o mundo estava pra nascer.

Assim aconteceu em abril. As árvores renasceram verdes, mas tão verdes que pareciam que a luz do dia vinha dali. Os pássaros, as flores, os jardins, os parques, tudo voltou a ser belo. As crianças brincavam e meio que comemoravam mais um ciclo que se iniciava. As pessoas também se alegravam, mas, mais pelo que estava por vir do que pelo que ali presenciavam. O mais incrível é que tudo parece acontecer em dois ou três dias. De repente, tudo está novamente verde.

Então, o sonho de todas as pessoas que moram aqui: O Verão. O famoso verão europeu é uma coisa engraçada. A temperatura é ótima, as pessoas se “bronzeiam” onde podem (jardins, parques, praias privadas, em todo lugar) e nós, brasileiros, nos sentimos um pouco em casa. A temperatura sempre em 24/25 graus e não baixa muito à noite. Ai ai, o verão europeu.

Daí, a temperatura começa a cair... a cair... a cair, oh, não! Acabou o verão e quem está batendo a porta agora é o outono. Mas, que fenômeno lindo de presenciar. Folhas amarelas, vermelhas e descoloridas formam um lindo e interminável tapete pelas ruas. É hora de dizer tchau também aos pássaros, animais, como o esquilo, e as árvores na sua forma deslumbrante. O frio começa também a fechar a cara das pessoas, que até então viviam feliz para sempre com o sol e suas ótimas temperaturas. O tempo difícil se aproxima e a antiga Prússia será gelada e sem vida pelos próximos 6 meses.

As pessoas me perguntam se estou com medo do inverno, pois ainda não o conheço. Não sobre medo, medo de verdade, mas, sobre a expectativa de ser praticamente impossível de se fazer algo fora de casa e de se ver cercado por neve, muita neve.

Bem, digo que só tenho medo de quem está vivo, e que sobreviverei sim, pra contar, no próximo ano, como é conhecer “na pele” o inverno alemão.

Passei por tantas, por tantos, por quantos, que a escuridão do mundo já nem me mete mais medo, pois da solidão que nela habita tiro a calma para seguir lutando, como se nada estivesse acontecendo.

Quanto a experiências antigas com as estações do ano, tenho de admitir que, e quem mora em outras regiões que perdoem a “ignorância”, pra mim, primavera/verão e outono/inverno eram a troca de coleção nas lojas de roupas, no mais, um pouco mais quente em janeiro (verão) e um pouco menos quente em julho (inverno). Como me sinto agora que as conheci mesmo? Sinto-me no desenho do Pato Donald.