quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

E Os Pobres Bacharéis?

Estive pesquisando sobre as atribuições de um Bacharel em Direito e me deparei com inúmeros artigos cheios de um sentimento-ruim-não-identificado (SRNI). Sério, li coisas do tipo “Bacharéis em Direito não são advogados nem estagiários, são nada profissionalmente”, ou ainda que constitui crime de contravenção assinar peças em conjunto com advogados.
Lógico que tais argumentos partem de presidentes ou ex-presidentes, conselheiro ou ex, integrante de comissão ou ex, todos ligados (ou des) à OAB.
Não me alongarei no assunto. Não costumo discutir absurdos como essa exigência à submissão ao Exame de Ordem, mas é que tal medida ainda me faz rir, tamanha é a afronta a qualquer direito adquirido por homens e mulheres, que, heroicamente, cursaram 5 anos de uma Faculdade.
A desculpa é que essa bendita prova visa melhorar a qualidade dos profissionais advogados, uma vez que as faculdades continuam piorando a cada dia e “cuspindo” todos os anos milhares de bacharéis despreparados.
Vamos aos pontos:
1. Alguém já se perguntou se é de competência da Ordem dos Advogados do Brasil tomar tal medida?
2. Alguém já percebeu que estão querendo combater o erro depois que ele foi “concluído”?
3. Alguém já entendeu o motivo de a Ordem dos Advogados do Brasil não combater a criação indiscriminada dos Cursos Jurídicos em todo o Brasil?
4. Alguém já conseguiu mesmo entender a lógica dessa prova e aceitar o fato de ela ser feita pra reprovar, e não para atestar capacidade?
5. Alguém pode responder até quando vamos ter de presenciar essa sucessão de erros cometidos tanto pelo MEC quanto pela Ordem dos Advogados do Brasil?
6. Alguém entende o orgulho da Ordem dos Advogados do Brasil em divulgar que 90% dos que fazem o exame não logram êxito?
7. Alguém sabe por onde anda o Marcos Valério ou se o Duda Mendonça ainda freqüenta rinha de galo?
Só podem estar brincando.
Foram apenas 6 de milhares de argumentos que atestam a existência vã dessa prova. Ou será que a Ordem dos Advogados do Brasil não quer perder o rio de dinheiro gerado por milhares de pessoas que se sentem pressionadas por si, pela família e pela sociedade a prestar o exame em discussão?
Antes de se pôr à mesa leis, tantas quantas existirem, o que é típico de juristas bitolados à existência de dispositivos legais que, se brincar, disciplinam até suas vidas pessoais, temos que conduzir o tema no âmbito da moral social, da ética profissional e da primazia por situações coerentes e justas, independente de instrumentos normativos.
Ainda bem que não preciso passar no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil para exercer o direto de expressar minha opinião, pois fazê-lo, por enquanto, não é ato exclusivo dos advogados.
E nós, pobres Bacharéis, marginalizados na sociedade anojosa dos Advogados.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Triste Capacidade de Pensar

Olá! Soa quase como uma apresentação, não é? Isso se deve ao fato de eu, há cinco mil anos-luz, não escrever no meu blog. Peço desculpas. Não foi só tempo, foi falta de inspiração também. Mas, o que justificaria o título?

Acabei de ler uma reportagem em que a crítica foi o centro. Daí já viu: foi confusão pra todo lado. E onde entra o lance da “capacidade de pensar”?

O que acontece é que as pessoas entram em uma de que “se fulaninho falou que é bom, então é bom”, e, com isso, as outras que realmente pensam pagam o “pato” simplesmente por terem seus próprios conceitos. Já perdi as contas de quantas vezes me calei pra não discutir ou ser mal-interpretado.

Além do mais, há aqueles falsos intelectuais, que destroem uma pessoa opinante em questão de segundos com palavras bem colocadas, mas são incapazes de acrescentar algo bom ao tema. É bem mais fácil apenas fazer um comentário.

Nem ouso me colocar num time de pessoas inteligentes, independente do grau de intelectualidade. Ainda sou muito novo, tenho muito que aprender, estou iniciando um mestrado agora, acabei de conseguir ser fluente em outro idioma, enfim, a vida está só começando, mas, também não fico atirando pedra na vidraça como se eu fosse parte da fachada.

Pra opinar tem de ter bagagem, conteúdo. Pra criticar quem opina também. Pobres, pobres. Pessoas que lêem apenas a Wikipédia e se acham o último quadro do Louvre. Mal sabem elas que a vida é muito mais que isso. Por esse motivo, me recolho à minha insignificância, e sigo combatendo essa sociedade aldrabona, vivendo no meu mundo misantropo, tentando achar sozinho as respostas... as respostas.

Que tal se começarmos a construir hoje a pessoa de conteúdo que vai criticar amanhã? Seria ótimo. Mas, desde que redescobriram o dom da oratória (também agora em versão “excritxa”, diria “seu Creyson”), ter conteúdo é secundário. Coitados dos que pensam.

Hey, está vindo mudanças por aí, e eu estou ansioso. Seguindo sempre, sem perder a esperança.

“Conhece-te a ti mesmo, torna-te consciente de tua ignorância e será sábio

Sócrates

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Brasil: Um País de Dois Estados

Resumir um país enorme a duas cidades chega a ser quase um crime. Ainda mais quando o referido é o Brasil, um lugar com tantos problemas graves que para ficar ruim ainda precisa melhorar muito (como diz o meu querido pai).

Enquanto pessoas morrem de fome, sede, abandonadas nas portas dos hospitais, a notícia importante é: “Dono esquece gato em apartamento em SP”. Pasmem, eu li mesmo essa matéria! O pior é ler todos os dias: “carreta tomba e pára a marginal tal”. E esses dias: “menina é detida por chutar a porta da sala de aula”. Seria cômico, se não fosse trágico.

E o outro pólo então?! Parece até que os artistas nunca foram ao teatro nem ao cinema, ou muito menos à praia, só resolveram fazer isso a partir de 2007, pois, desde então, há notícias e mais notícias e insuportáveis notícias de que “fulaninha pega uma cor no Leblon”, “sicraninho passeia em Ipanema”, “fruta tal ofusca o sol em dia na praia”. E no resto do Brasil? Nada. Não é importante mesmo.

Lembrando também dos artistas reconhecidos em outras regiões do país que pagam fortunas para participar de programas “nacionais”, até que uma garotinha de SP grava quatro músicas e joga na internet. Resultado: sucesso “nacional”. Programas de televisão, matérias, reportagens e notícias nos fazem engoli-la sem alternativa, e ainda a chamam de fenômeno. Nem precisou se esforçar muito.

Pra ser bem claro e sair dessa área de informação, não resta dúvida que o Brasil é um país que se pode descrever facilmente. Me perdoem a ignorância, mas, todos sabem que o norte não existe para o governo, o nordeste é a parte usada para que os presidentes se elejam (também é a parte mais humilhada pelas políticas do Estado), o centro é só fazenda, o sul é a nossa Europa e está pouco se lixando pro “resto” de nós, coitado do Espírito Santo, Minas até que ainda tem uma força cultural (conseguida, acredito eu, com um esforço sobre-humano pelos artistas) e, enfim, as duas pérolas: O Rio e Sampa.

Ai ai (esse meu “suspiro” está sempre presente nos meus textos. Ele quer dizer que algo é “sem comentários”). O que me causa revolta é o simples fato de ainda haver criança no meu estado que não tem onde estudar ou tem de se arriscar em cima de paus-de-arara (do mesmo tipo que levou Lulinha pra São Paulo) para chegar numa escola a quilômetros de distância e não haver divulgação desse fato, mas estampar na primeira página do principal site de notícias que “o pagodeiro ‘feio que dói’ recebeu a reportagem em sua mansão vestido roupão e pantufas do frajola” vale a pena, e, em vez de estar lá a foto de 20, 30 jovens na carroceria de um caminhão velho tentando estudar, está a foto ridícula e patética do sujeito com o traje descrito acima.

Chega a ser engraçado, mas, é isso que acontece mesmo. Somos resumidos e ignorados. Nosso esforço é sempre dobrado. Nossas forças têm de ser infinitas. Eu, como nordestino e paraibano, sei do que estou falando.

Hoje não tem trocadilhos, vai tudo às claras mesmo (ao som de Norah Jones – Turn me on!).

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Inspira. Expira. Não Dá!

Verdade seja dita: escrever nunca foi o meu forte. Sempre quis colocar no papel tudo que eu pensava, mas, o tempo foi passando e eu acabei por nunca por em prática aquilo que eu queria. Um dia, porém, me veio a idéia do blog. E por que não fazer um blog só pra mim?

Não tenho obrigação de transmitir as pessoas os meus pensamentos nem de tentar convencê-las de qualquer coisa que penso. Fiquem à vontade para nomear essa atitude da forma que quiserem. Meus pensamentos, entendimentos e opinião não são verdades absolutas e incontestáveis, são apenas meus. Se realizando ou não, sendo verdade ou não, as conseqüências recaem sobre mim, e a responsabilidade por tê-los também me pertencem, e a mais ninguém.

Estive a ler alguns blogs e pasmo quando me deparo com alguém que está desesperado para divulgar o seu blog, diga-se de passagem, com conteúdo exclusivamente pessoal. Meu Deus! Não é proibida a visitação ao meu blog, sejam bem-vindos e fiquem mais uma vez à vontade (digo para aquelas pessoas que conseguirem me achar pelos sites de busca afora, pois não divulgo meu site nem para amigos).

Vejo o meu ato de escrever como mero desespero de colocar pra fora tudo o que me angustia. Numa comparação meio esdrúxula, sou aquela mulher que acabou de fazer um sexo sujo e está se desfazendo das roupas num claro sinal de repúdio. Assim sou eu: querendo gritar, mas gritando sempre pra dentro. Ele sempre ecoa.

Sento e observo. Nesse momento começa, ao mesmo tempo, trilhões de diálogos dentro de mim. Todos gritam, xingam, acalmam, cantam, oram, falam, se expõem, choram, machucam... me fazem quem sou. Tenho de lidar com o Hulk que tenho na alma: a calma em excesso.

Para a vida eu sempre sorriu, cabe a ela descobrir se é um sorriso de agradecimento ou de ameaça. A observação do mundo também é um presente. Pessoas indo e vindo. Pessoas dedicadas ao dinheiro, outras aos outros. Grandes pessoas e pessoas medíocres. Todos (nós) efêmeros, limitados, com capacidade intelectual tolhida.

Tento sinceramente fazer a minha parte. Não estou falando sobre escrever. Quando falo que somos capazes de mudar nossa realidade, acredito no meu ideal. Estudo pra isso, estou me preparando pra isso e, se Deus permitir, vou conseguir. Não pensem vocês que fico apenas aqui atrás do computador, tentando escrever coisas bonitinhas, juntar um punhado de pessoas que se identificam com o meu sentimentalismo mórbido e pronto, fiz a minha parte, pois, o que faço (ou tento fazer) vai além.

O que devemos fazer é sair do campo das palavras e agir. Devemos agir! Com isso, de brinde, podemos até ganhar um propósito na e para a vida.

O que eu sei é: sentando esperando a morte eu não fico.

Agir.

“Existem livros e histórias sobre vitórias e derrotas, mas nunca sobre o ócio”

Volta aqui, volta pro mundo, por que, dai, onde você está agora, nada se pode fazer.

E o texto vai com excesso de palavras iguais mesmo!

Relacionamento

“Eu cheguei a deixar vestígios pra você me achar. Foi assim que entreguei meu coração devagar”. Começa assim!

Sou contra atitudes extremas, principalmente quando envolve a vida de outra pessoa. Mas, tudo é fruto do descaso com o sentimento de pessoas alheias, sejam elas namoradas, noivas, cônjuge ou amigo.

Quando um laço se desfaz alguém sempre sofre pela falta de consideração do outro. Acabar um relacionamento e dar as costas é muito fácil, principalmente para quem acha que já refez a vida. O pecado aqui é ignorar que o outro talvez ainda sofra.

Sempre se pensa primeira e exclusivamente em si, depois, mas umas dez vezes depois, no outro. Ignorar é o verbo aqui. O que importa é estar bem e satisfeito (apesar de eu não entender como alguém possa ficar bem apenas ao imaginar que a outra não esteja).

Eu nem tenho muito o que escrever sobre isso. Falar sobre essas pessoas nem vale a pena, mas, ao longo da minha vida, conheci muita gente assim, e devo admitir, só de estar perto, perco as forças.

Eu prefiro pecar pelo excesso de consideração. Estou sempre aqui, e procuro sempre respeitar, acima de tudo. O título do meu blog fala sobre isso, e é assim que eu sou. Não adianta as pessoas me criticarem por isso, nasci assim, morrerei assim e viverei sempre, bem e melhor assim. Acho que é tudo também uma questão de caráter, sem dúvida. “Quem estar por cima está, quem está por baixo se deu mal”, esse é o lema... dos outros.

Prefiro continuar a fazer o que acho que é certo e poder, como sempre, dormir à noite, mas, como uma pessoa de caráter, e não como alguém que não se importa com o que fez de errado.

É uma pena, eu acho. Assim se perde grandes amizades, grandes amores e grandes histórias. Mas, a vida não é um filme. Só nas telas é que tudo termina bem, pois, aqui, a pessoa que você escolheu pode ser um monstro sem coração que vai passar quanto tempo for possível te fazendo sofrer, até o dia em que você cansa, pega uma arma, invade um apartamento e faz a maior besteira da sua vida. Crimes passionais!

Bem, caso aconteça isso algum dia, não faz besteira. Segue a vida, cabeça erguida, pois o mundo gira, e nesse giro tudo pode mudar pra melhor. Conjugue o verbo, ignore essas pessoas, elas não mereciam sequer essa postagem. Mas, o amor é fogo. Fraterno, carnal, não importa, ele sempre queima e deixa sua marca.

“eu te amei como jamais um outro alguém vai te amar”. E assim termina, por que, para um bom entendedor, duas frases ou um texto são suficientes.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Sufrágio

Depois de muito para organizar o blog (não é fácil entender códigos HTML e essas coisas), encontrei tempo para escrever novamente. Não que a vida aqui esteja ocupadíssima no sentido “coisas inadiáveis”, mas, sabe como é, o dia aqui não passa, ele de repente some. O blog está a ter o resultado que eu esperava. Escrever está realmente me fazendo bem.

Bem, pela falta de tempo explicada (ou não explicada) acima, vou escrever sobre o tema “velho” (pois, nos tempos de internet, tudo que tenha mais de 3 dias é assunto antigo): as nossas queridas e esperadas eleições.

O ato de votar é o único direito de cidadão que o brasileiro tem. Num estado democrático de direito, como há no Brasil, é de revoltar que o exercício de nossa cidadania seja exclusivamente o voto. Temos todos os outros direitos roubados (literalmente). Mas, vamos ao resultado dessa briga do mal contra o mal.

O destino às vezes faz diferente e prega peça nas pessoas que não merecem (mas, que sempre ganham tudo o que da vida). A essa hora, tem doce de criança que azedou, pois adoçou, digo, amargou uma votação digna para corruptos (e é o caso) com pouco mais de 1000 votos. Teve outro candidato que durante os últimos 4 anos fez nada, além de ferver, ferver, ferver, até que virou cuscuz, e graças a Deus que não me representa mais em nenhuma casa, pois nada acrescentou à minha cidade.

Tem gente também que, de tão dura que foi a resposta popular ao seu cinismo e inércia durante o seu primeiro, único e último mandato, deve estar escondida, com vergonha, em uma das matas que ela finge que protege. E o do bigode na testa, onde está, alguém sabe? Há também os que estão até massageando o ego do bispo ao implorar para ter de volta a batina. Ai ai, vida cruel, não é mesmo?

Achei que dessa vez foi “dos males o menor”, pois, em minha opinião, saíram os piores e, talvez, entraram alguns que podem fazer valer. Temos agora um novo poeta, que tem a chance de fazer totalmente diferente dos poetas do passado e reescrever a história da “categoria”.

Ironias de lado, é isso que acho, é isso que penso, e sinto por não poder ser mais claro. Vou voltar a escrever com freqüência. Isso é bom demais!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

As Estações do Ano para Além dos Desfiles de Moda

Estamos no outono aqui na Alemanha, e, pela primeira vez na vida, conheci as estações do ano. Tenho que confessar que é algo mágico de se ver, e perceber a cada dia a mudança da natureza.

Quando retornei pra cá em março estava no fim do inverno. As árvores não tinham folhas, pareciam mortas, os pássaros ainda não tinham voltado, qualquer 15 minutos fora de casa eram suficientes para deixar suas mãos dormentes por causa do frio, mas, se tinha a impressão de que o mundo estava pra nascer.

Assim aconteceu em abril. As árvores renasceram verdes, mas tão verdes que pareciam que a luz do dia vinha dali. Os pássaros, as flores, os jardins, os parques, tudo voltou a ser belo. As crianças brincavam e meio que comemoravam mais um ciclo que se iniciava. As pessoas também se alegravam, mas, mais pelo que estava por vir do que pelo que ali presenciavam. O mais incrível é que tudo parece acontecer em dois ou três dias. De repente, tudo está novamente verde.

Então, o sonho de todas as pessoas que moram aqui: O Verão. O famoso verão europeu é uma coisa engraçada. A temperatura é ótima, as pessoas se “bronzeiam” onde podem (jardins, parques, praias privadas, em todo lugar) e nós, brasileiros, nos sentimos um pouco em casa. A temperatura sempre em 24/25 graus e não baixa muito à noite. Ai ai, o verão europeu.

Daí, a temperatura começa a cair... a cair... a cair, oh, não! Acabou o verão e quem está batendo a porta agora é o outono. Mas, que fenômeno lindo de presenciar. Folhas amarelas, vermelhas e descoloridas formam um lindo e interminável tapete pelas ruas. É hora de dizer tchau também aos pássaros, animais, como o esquilo, e as árvores na sua forma deslumbrante. O frio começa também a fechar a cara das pessoas, que até então viviam feliz para sempre com o sol e suas ótimas temperaturas. O tempo difícil se aproxima e a antiga Prússia será gelada e sem vida pelos próximos 6 meses.

As pessoas me perguntam se estou com medo do inverno, pois ainda não o conheço. Não sobre medo, medo de verdade, mas, sobre a expectativa de ser praticamente impossível de se fazer algo fora de casa e de se ver cercado por neve, muita neve.

Bem, digo que só tenho medo de quem está vivo, e que sobreviverei sim, pra contar, no próximo ano, como é conhecer “na pele” o inverno alemão.

Passei por tantas, por tantos, por quantos, que a escuridão do mundo já nem me mete mais medo, pois da solidão que nela habita tiro a calma para seguir lutando, como se nada estivesse acontecendo.

Quanto a experiências antigas com as estações do ano, tenho de admitir que, e quem mora em outras regiões que perdoem a “ignorância”, pra mim, primavera/verão e outono/inverno eram a troca de coleção nas lojas de roupas, no mais, um pouco mais quente em janeiro (verão) e um pouco menos quente em julho (inverno). Como me sinto agora que as conheci mesmo? Sinto-me no desenho do Pato Donald.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Assim Pensava... E Ainda Penso!

Artigo escrito e eviado ao site da OAB-PB em 06 de agosto de 2005
http://www.oabpb.org.br/espacos.jsp?id=38


Universidade: Curso preparatório para o mercado de trabalho
Abraham Lincoln F. M.
Acadêmico do 4° ano do curso de Direito



A importância do curso de Direito para a sociedade é indiscutível. Tal importância é reconhecida por todos e extrapola o ambiente jurídico, exercendo influência nos âmbitos político e social extrajudicial.

O direito atua como aquele que estabelece a paz social, traçando os paradigmas que se farão presentes em todas as esferas da vida do indivíduo, desde a compra de uma goma de mascar até crimes da mais alta periculosidade.

Os profissionais que laboram nessa área são responsáveis pela defesa dos direitos individuais e coletivos, além de operar as normas que cercam nossas vidas. São os chamados Operadores do Direito e têm como principal legado nos compreender para melhor nos representar.

Hoje, a tão desejada carreira jurídica passa por uma fase indescritível. É lamentável que a graduação de direito tenha se tornado ninho de pessoas desinteressadas no curso e direcionadas a prestar concurso à sua conclusão, esquecendo que para além das atividades diárias, existe todo um compromisso social e acadêmico, que é o real fito de uma universidade.

O que se condena não é a prestação de concurso, afinal, as carreiras jurídicas são obrigatoriamente concursadas, é tão somente o esquecimento das atividades acadêmicas, vislumbrando apenas a obtenção de êxito nas avaliações, que sequer, muitas vezes, tem um sentimento de afinidade com a profissão, que é escolhida pela sua remuneração e o pouco trabalho que proporciona ao aprovado.

É triste haver alunos que saem da universidade e não escreveram um artigo sequer, não aproveitaram um curso complementar ou se engajaram em qualquer oportunidade a eles oferecida. Essa é a nossa realidade hoje. Há uma defasagem, uma falência do nosso ensino superior, pois foge, e muito, do real sentido de uma escola de terceiro grau.

É de revoltar que até as bibliotecas sejam freqüentadas por obrigação, por que os "estudantes" não se dão o trabalho de, pelo menos, comprar o seu material para não "jogar dinheiro fora", e fazem dessa pequena casa de pensadores um antro de ambiciosos sedentos pela "vida boa" proporcionada pelo Estado.

A Sociedade, sempre ela, sofre com isso. Apesar da dificuldade dos concursos, a incompetência no meio judiciário não diminuiu. Do contrário, às vezes se tem a impressão que falta pessoal num ambiente em que o Brasil tem um número de profissionais acima da média mundial.

Aos poucos que discordam dessa situação resta o estarrecimento diante dela, e a esperança de que não piore, e que um dia a classe considerada a elite do povo brasileiro, isso por que apenas 9% da população entre 18 e 24 anos chegam à universidade, tome vergonha na cara e imite, como sempre, o sistema Europeu, onde estudar é um prazer, ser inteligente é básico e a universidade é mundo de descobrimento, aprendizado, experiência ou, no mínimo, algo que está além de um cursinho preparatório para o mercado de trabalho.

sábado, 27 de setembro de 2008

Natureza Morta

Aqui na Europa uma frase corre solta entre os brasileiros: “Quem falou que a mulher mais bonita do mundo é a brasileira não viajou”.

Eu completei a frase de maneira cômica: “Essa pessoa não tinha sequer passaporte”.

Mas, depois de certo tempo e convívio com essas pessoas, e aqui me refiro às mulheres, se entende perfeitamente o que o poeta quis dizer. Vos farei compreender.

O conceito de beleza da mulher cotidiana não está exclusivamente relacionado ao estético, mas, também, ao interno.

Sem dúvidas, alemãs, tchecas, polonesas e suecas são muito mais bonitas do que qualquer brasileira típica (essa é apenas a minha opinião), mas, olhá-las é como olhar um jardim de lindas flores... artificiais!

Aqui eu me utilizo do conceito alemão para o que chamamos de flores artificiais. Aqui eles chamam essas flores de natureza morta, pois, obviamente, elas não têm vida. Então, quando me refiro a artificial não estou falando de maquiagem, silicone ou outra coisa do cosmo, estou simplesmente dizendo que as mulheres não têm vida.

Não adianta ser linda, perfeita, a visão dos deuses (exagero típico de homem) e não ter uma expressão no rosto. Se pode vê-las no trem, na rua, num bar, onde for, e elas estão sempre de cara fechada e de braço cruzado com a cara de “não chegue perto de mim” que nenhum brasileiro jamais viu.

Assim eu compreendi o sábio homem que atribuiu a nós a maior das belezas femininas. A beleza perfeita faz o encontro do corpo com a alma e é muito melhor de olhar uma bela mulher com vida do que a “perfeição” morta.

Assim como na natureza, é bem melhor quando olhamos uma flor de verdade e suas imperfeições do que uma perfeita sem vida e sua existência (aparentemente) exuberante.

As brasileiras são as mulheres mais bonitas do mundo sim, e mordi a minha língua ao pensar o contrário, as daqui, por outro lado, não passam de natureza morta.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Mundo e Os Humanos

Pensando muito antes de começar a postar. Hehehehe. Sabe o motivo? Não? Também, com saber, não é mesmo?

Nos últimos dias muita coisa. Outro não e muito ler. Nenhuma experiência nova, a não ser as que aprendemos apenas com o simples correr do dia, com o simples viver mais um dia. Mas, a construção intelectual é continua, pois, até pra ser burro é preciso ter inteligência. Aliás, esse questionamento me surgiu também por esses dias. Vamos falar sobre isso? Não! Mas, numa frase, felizes os “burros”, que não sofrem cobrança nem cobram de si mesmos.

Grande Frédéric Chopin, cujo a música sempre me acalenta enquanto escrevo.

Agora as opiniões.

Cada vez mais me espanto com as pessoas e com o que elas fazem para alcançar seus objetivos. Acho até que algumas coisas são inexplicáveis. Um pouco sem conexão (aparente), todavia, não tem como misturar política e religião. Não tem como engolir “estórias” (palavra tecnicamente extinta do nosso vernáculo, mas ainda bastante utilizada para designar histórias não verdadeiras ou sem credibilidade, por isso as aspas) de personagens sacros e suas relações com política, na busca insana de associação de imagem. Digo de novo: é incrível o que as pessoas fazem para conseguir o que querem. Enganar a Deus ninguém consegue, e nada vale ser nesse mundo.

Outras pessoas vivem em dubiedade ao coexistirem com o eu que são e o eu que escreve, e que eles descrevem. Pessoas fechadas, arrogantes, buscadores irremediáveis pelo sempre mais se descrevem como pessoas sensíveis e idealizadoras de um mundo melhor, se mostram pensantes nos problemas de existência da humanidade. Um alemão diria ao ler essas pessoas: eu tenho de vomitar.

E até que enfim a conclusão do complexo.

O simples é sempre óbvio, ou a inteligência se expressa para poucos. Os sentimentos, hoje tão difíceis de serem verbalizados, ganham explicações incompreensíveis, digamos, a olho nu, mas, deslumbrantes quando captadas.

Assim como ser paranormal, penso eu, também é necessário exercício para se tornar compositor, escritor, poeta... enfim, alguém que escreva palavras simples, mas que as eternize em uma frase.

Pergunto-me sempre quanta atmosfera a favor se precisa pra se fazer uma música, ou ainda, quanto sofrimento e dor contém um lindo poema ou uma poesia. Eu sei o quanto não é fácil escrever essas coisas.

Não era bem isso que eu queria falar, por exemplo, mas, ontem não pude concluir a composição da postagem e as opiniões e idéias sobre “O Complexo” se foram, momentaneamente, assim como a minha saúde, nessa noite.

Quando me amei de verdade,
comecei a me livrar de tudo
que não fosse saudável.
Isso quer dizer: pessoas, tarefas,
crenças e qualquer coisa que
me pusesse pra baixo.
Minha razão chamou isso de egoísmo.
Mas hoje eu sei que é amor-próprio.

Kim McMillen

Ai ai, ainda na luta, constante, diária e cansativa, mas, vivinho da silva, e com forças, tentando compreender, além de mim mesmo, a vida e o acima. Nos veremos na linha de chegada. Até lá!

domingo, 21 de setembro de 2008

Recomeçar Meu Mundo... e nada mais

Ontem escutei uma música que descreveu exatamente o meu momento. Na verdade foram duas: uma é o que eu peço e outra é o que eu quero. Vou transcrever as duas aqui.

Pai,
Tá difícil manter o caminho,
Tenho andado em meio a espinhos,
Nem sempre é tão fácil acertar.

Pai,
Emoções descalçam os meus pés,
Me roubando em meio a cordéis,
Me enlaçam em minhas fraquezas.

Pai,
Eu nem sei o que te falar,
Mas, eu quero recomeçar,
Me ajuda neste instante.

Preciso da tua mão,
Vem me levantar,
Faz-me teu servo Senhor,
Me livra do mal.
Quero sentir o teu sangue curar-me.
Agora meu Senhor,
Vem restaurar-me.

(Aline Barros – Recomeçar)


Quando eu fui ferido
Vi tudo mudar
Das verdades
Que eu sabia...

Só sobraram restos
Que eu não esqueci
Toda aquela paz
Que eu tinha...

Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando!
Daria tudo, por um modo
De esquecer...

Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais...

Não estou bem certo
Que ainda vou sorrir
Sem um travo de amargura...

Como ser mais livre
Como ser capaz
De enxergar um novo dia...

Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando...

(Guilherme Arantes – Meu Mundo e Nada Mais)

Bem, ainda não está tudo como deveria estar, ou como eu queria que estivesse. Vou ter paciência, vou esperar, vou aguardar, vou “todas as palavras que dizem respeito a não fazer as coisas sem lutar muito". Lutar, ou batalhar, ou simplesmente correr sem respirar atrás das coisas que almejamos. Não é fácil... não é fácil. Nada aqui é fácil.

Por incrível que pareça, ainda tento me encontrar no mundo. Estou simplesmente cansado de investir, em lugares, em pessoas, em estudos, em empregos, em objetivos. Isso é normal? Não sei. Isso é correto (e me refiro a, aos 26 anos, ainda buscar algo e não “já ter algo”? também não sei. A vida passa, a vida corre, a vida simplesmente passa por você e os anos se vão.

Um senhor hoje me perguntou quanto tempo de Alemanha eu tenho ao todo. Boa pergunta! Nessa brincadeira, já investi 1 ano da minha vida nos meus objetivos aqui. O que eu ganhei? Elogios, um mestrado, mas, nada de concreto, nada que me realizasse. Para cada coisa boa, duas ruins acontecem. Meus pais sempre dizem que é o inimigo querendo que eu desista. Não vou desistir. A primeira música acima descreve uma situação assim e pede força. Eu vou conseguir.

Mudando um pouco de assunto, mas continuando no mesmo, a proposta principal do blog era falar dos absurdos com os quais convivemos, sejam eles de qualquer ordem. O verbo foi conjugado da maneira correta: ERA. Acho que agora tenho muito mais o que fazer e em que pensa do que tecer comentários sobre nossa hilária, medíocre e nojenta campanha política ou até mesmo sobre a própria política, fonte de TODOS os problemas do Brasil. Mas, esse assunto ainda virá, é lógico!

Dia após dia, noite após noite, pensando, vivendo, refletindo, até quando... até quando.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ignoto

Esse texto poderia ter vários nomes, mas vai ficar sem um mesmo. Alguns dias atrás eu tava pensando que, se cada vez que pensasse em escrever eu o de fato fizesse, já teria duas biografias, três livros de ficção e uns oito de auto-ajuda (apesar de eu odiar livros de auto-ajuda). Na verdade, venho percebendo que um blog é uma coisa diária, quase que um diário de adolescente (nem sei se as de hoje ainda escrevem!), pois, se não retratar o momento “24h” que se passa com uma pessoa, acaba sendo uma grande repetição de sentimentos iguais e imutáveis. Assim é mesmo a vida, um marasmo em coisas que parecem nunca ter fim.

Está cada dia mais frio aqui. Não tem passado dos 17 graus nenhuma hora do “dia”. As pessoas vão ficando mais fechadas, chatas e “de mal com o mundo”, que durante 8 meses será frio, escuro e “um saco” para eles. Estou começando a entender esse sentimento, porque, realmente, não tem como sorrir e achar que a vida é bela, não desse jeito.

“Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa.”
(Cecília Meireles, Obra Poética)

Talvez conseguir dizer essa frase um dia seja um luxo. O canto de hoje tenta entender o que me acontece e tenta me dar forcas pra continuar. “É, pode ser que a maré não vire, pode ser de o vento vir contra o cais, e se já não sinto teus sinais, pode ser de A VIDA ACOSTUMAR...”. Às vezes eu perco mesmo a esperança de que as coisas melhorem ou que fiquem mais fáceis, mas, ao mesmo tempo me pergunto “quem falou pra você que a vida é fácil?”. Resposta: ninguém. Então, a vida é isso: luta, superação, refazimento e redescobrimento. Aliás, essas duas últimas palavras têm sido de ordem para mim há tempos.

Não estar sendo fácil não quer dizer que não sou feliz. Ao contrário, se a maré não virar e o vento vier contra o cais, eu tenho forças pra lutar, tenho saúde pra suportar e tenho o apoio das pessoas que me amam e que as amo para me erguer, caso seja tudo demais. Tenho que agradecer a Deus por todos que tenho e não reclamar do que quer que seja em minha vida. O que não quer dizer que esta esteja fácil. O que não quer dizer que devo forçar em apenas dizer coisas boas sobre o que acontece comigo. Pobres opiniões confusas de um mero ser controverso e cheio de nada.

Bem, mas, quem falou mesmo que a vida é fácil? NINGUÉM.

sábado, 23 de agosto de 2008

Tempo, Tempo, Mano Velho

Tempo é uma coisa que eu não tenho aqui na Alemanha. Queria muito estar escrevendo com freqüência para o blog, apesar de não haver visitação, até mesmo com o intuito de exteriorizar medos, receios, sentimentos e momentos que são melhor digeridos quando desabados, mas, definitivamente, não dá. Tenho sofrido um pouco com a personalidade do povo alemão, que faz as coisas e não se importa com os problemas que causa. Como se diz no comum, “tenho que dar meus pulos”, não tem jeito! Espero que estar aqui valha a pena por passar tanto tempo longe das pessoas que amo. Abraço.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ó Éníciu

Bem, esse blog será uma tentativa de colocar pra fora um pouco das coisas inaceitáveis com as quais convivo. Eu, mais do que ninguém, sei o quanto será difícil levar esse projeto pra frente, mas, tentar é a minha palavra de ordem. Esse espaço não servirá somente para falar de coisa ruim! Também será canal para que eu conte (quando necessário) um pouco do que tenho vivido no país em que atualmente estudo e resido.

As palavras do título do blog são minhas e faço delas o meu lema. Se eu estou cansado de hipocrisia? Sim, estou. E é por isso que resolvi escrever, humildemente. Isso vocês verão nas postagens que se seguirão. Forte abraço.