terça-feira, 30 de setembro de 2008

Assim Pensava... E Ainda Penso!

Artigo escrito e eviado ao site da OAB-PB em 06 de agosto de 2005
http://www.oabpb.org.br/espacos.jsp?id=38


Universidade: Curso preparatório para o mercado de trabalho
Abraham Lincoln F. M.
Acadêmico do 4° ano do curso de Direito



A importância do curso de Direito para a sociedade é indiscutível. Tal importância é reconhecida por todos e extrapola o ambiente jurídico, exercendo influência nos âmbitos político e social extrajudicial.

O direito atua como aquele que estabelece a paz social, traçando os paradigmas que se farão presentes em todas as esferas da vida do indivíduo, desde a compra de uma goma de mascar até crimes da mais alta periculosidade.

Os profissionais que laboram nessa área são responsáveis pela defesa dos direitos individuais e coletivos, além de operar as normas que cercam nossas vidas. São os chamados Operadores do Direito e têm como principal legado nos compreender para melhor nos representar.

Hoje, a tão desejada carreira jurídica passa por uma fase indescritível. É lamentável que a graduação de direito tenha se tornado ninho de pessoas desinteressadas no curso e direcionadas a prestar concurso à sua conclusão, esquecendo que para além das atividades diárias, existe todo um compromisso social e acadêmico, que é o real fito de uma universidade.

O que se condena não é a prestação de concurso, afinal, as carreiras jurídicas são obrigatoriamente concursadas, é tão somente o esquecimento das atividades acadêmicas, vislumbrando apenas a obtenção de êxito nas avaliações, que sequer, muitas vezes, tem um sentimento de afinidade com a profissão, que é escolhida pela sua remuneração e o pouco trabalho que proporciona ao aprovado.

É triste haver alunos que saem da universidade e não escreveram um artigo sequer, não aproveitaram um curso complementar ou se engajaram em qualquer oportunidade a eles oferecida. Essa é a nossa realidade hoje. Há uma defasagem, uma falência do nosso ensino superior, pois foge, e muito, do real sentido de uma escola de terceiro grau.

É de revoltar que até as bibliotecas sejam freqüentadas por obrigação, por que os "estudantes" não se dão o trabalho de, pelo menos, comprar o seu material para não "jogar dinheiro fora", e fazem dessa pequena casa de pensadores um antro de ambiciosos sedentos pela "vida boa" proporcionada pelo Estado.

A Sociedade, sempre ela, sofre com isso. Apesar da dificuldade dos concursos, a incompetência no meio judiciário não diminuiu. Do contrário, às vezes se tem a impressão que falta pessoal num ambiente em que o Brasil tem um número de profissionais acima da média mundial.

Aos poucos que discordam dessa situação resta o estarrecimento diante dela, e a esperança de que não piore, e que um dia a classe considerada a elite do povo brasileiro, isso por que apenas 9% da população entre 18 e 24 anos chegam à universidade, tome vergonha na cara e imite, como sempre, o sistema Europeu, onde estudar é um prazer, ser inteligente é básico e a universidade é mundo de descobrimento, aprendizado, experiência ou, no mínimo, algo que está além de um cursinho preparatório para o mercado de trabalho.

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